Inclusão e acessibilidade
Profissionais da UPA Cruz das Armas utilizam Libras para garantir comunicação efetiva com pacientes surdos
01/02/2025 | 12:00 | 127
Chegar em um serviço de saúde em um momento de dor e não conseguir se comunicar com os profissionais que podem prestar assistência é um problema enfrentado por muitas pessoas surdas ao buscar atendimento médico. Essa barreira na comunicação pode até mesmo dificultar diagnósticos.
Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Cruz das Armas, da Rede Municipal de Saúde de João Pessoa, essa realidade está mudando. No serviço, alguns profissionais atuam como facilitadores, utilizando a Língua Brasileira de Sinais (Libras) para garantir acessibilidade e a comunicação efetiva entre os profissionais de saúde e pacientes com deficiência auditiva.
Maria das Dores Pontes, coordenadora de Recursos Humanos da unidade, é uma das facilitadoras. Ela começou a aprender Libras na igreja em que ela frequenta e passou a utilizar em seu local de trabalho para facilitar o atendimento de pacientes surdos. “Apesar de não ser intérprete profissional, eu fiz um curso aqui mesmo na UPA e consigo dialogar para fazer esse apoio. Quando chega um paciente surdo no acolhimento, a equipe já identifica e me chama ou algum outro colega que também conhece a linguagem de sinais para fazer essa ponte”.
Assim como Maria das Dores, outros profissionais da UPA passaram pelo curso de Libras promovido pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), por meio do projeto ‘Mãos que Multiplicam Saúde’. Na capacitação, eles tiveram a oportunidade de aprender termos específicos da área de saúde para identificar alguns sintomas dos pacientes.
Atualmente, vários profissionais atuam como facilitadores na unidade, a exemplo da auxiliar de farmácia Valéria Cristina. “É muito gratificante porque eu posso ajudar uma pessoa a receber algo básico, que é um atendimento de saúde. E muitas vezes essas pessoas ficam excluídas da sociedade por não encontrarem pessoas aptas a se comunicarem com elas. Então eles ficam muito felizes quando sabem que aqui na unidade tem um intérprete e acabam falando, também, para outras pessoas surdas”, disse.
Para o maqueiro Fábio Soares, facilitar o contato dos pacientes surdos com os outros profissionais durante o atendimento tem um significado especial, pois ele tem uma irmã com deficiência auditiva. “Eu vejo a dificuldade que minha irmã tem em se comunicar em unidades de atendimento ou estabelecimentos comerciais e tento me colocar no lugar dela. Então, eu sempre procuro ajudar outras pessoas que passam pelo mesmo”, contou.
Atendimento – O atendimento em Libras na UPA de Cruz das Armas acontece desde o acolhimento. Quando a equipe identifica que o paciente possui deficiência auditiva, aciona algum dos profissionais facilitadores que esteja de plantão para acompanhar todo o processo de atendimento, desde a classificação de risco até a alta médica.
“A unidade já se tornou até uma referência para pessoas surdas de vários bairros da cidade. Quando necessitam de atendimento de urgência, procuram a UPA Cruz das Armas, porque sabem que aqui terão esse apoio. A presença desses profissionais que atuam como facilitadores contribui para um diálogo mais claro e humanizado, reduzindo a insegurança dos pacientes e fortalecendo a confiança na equipe de saúde”, afirmou Roberta Barros, diretora-geral da unidade.
Libras – Além da UPA Cruz das Armas, outros serviços da rede municipal de saúde oferecem atendimento acompanhado por intérpretes de Libras para as pessoas surdas. A assistência para este grupo faz parte do projeto ‘Mãos que Multiplicam Saúde’, que tem o objetivo de garantir a acessibilidade no atendimento clínico de usuários com deficiência auditiva.
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Texto: Thibério Rodrigues
Edição: Lilian Moraes
Fotografia: Letícia Beatriz -
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