Limpando a Mente

Grupo de Alcoólicos Anônimos da Emlur contribui com melhoria de vida dos servidores

12/06/2022 | 14:00 | 2049

“Minha primeira embriaguez foi aos nove anos. Eu bebi uma batida com álcool, na festa de casamento de um vizinho. Aos 15, eu já bebia cachaça. Segui neste caminho até os 33 anos, quando sofri um acidente na garupa de uma moto, que deixou sequelas na perna. Mas, Deus me deu muito livramento. Estou sóbrio há 18 anos e hoje sou um alcoólatra em recuperação”, conta o agente de limpeza Jair Moura. Ele é um dos coordenadores do grupo de alcoólicos anônimos (AA) Limpando a Mente, da Autarquia Especial Municipal de Limpeza (Emlur).

Conforme a coordenadora do setor Psicossocial da Emlur, Shênia Ramalho, que também atua como mediadora nas reuniões do AA, o grupo foi retomado em fevereiro, em razão da demanda dos servidores. “Nosso trabalho é proporcionar o diálogo entre os participantes, para que possam dividir as experiências e encontrar um espaço de fortalecimento”.

Jair Moura explica que o trabalho realizado no grupo é baseado na confiança no outro. “Temos um lema: o que você vê e ouve aqui, deixe que fique aqui. O AA não faz ninguém parar de beber. A gente trabalha sobre como não voltar a beber e viver um dia de cada vez.”, destaca.

Ele esclarece que as reuniões não são apenas para pessoas vítimas do alcoolismo, mas para os familiares também. Qualquer pessoa que quer ajudar quem sofre com o alcoolismo pode participar para ter uma ideia sobre como proceder.

O coordenador do grupo Limpando a Mente conta que participou de uma reunião de AA pela primeira vez, em 2004. “Eu também sou pintor e já tinha perdido muitas oportunidades de trabalho por causa da bebida, até que procurei ajuda”. Ao ingressar na Emlur, ele começou a participar do grupo de teatro e, depois, do AA. Em razão de sua capacidade de comunicação, foi chamado para secretariar as reuniões, o que o ajudou a ter responsabilidade e manter a sobriedade.

Mudando de vida – Também integrante do grupo, Paulo Roberto está sóbrio desde 9 de dezembro do ano passado. Desde então, ele tem se dedicado a outras atividades, como a musculação, mas, precisou se afastar de muitos amigos, que estão inseridos no contexto de bebida alcoólica. “Eles não assumem que são alcoólatras, porque muitas pessoas não querem reconhecer. Mas, se a gente não aceita a realidade, não encara o problema de frente”.

Em recuperação, Paulo Roberto conta o que já perdeu por conta da bebida. “É uma luta desde os 18 anos. Passo dois ou três anos sóbrio e depois tenho recaídas. Eu chutei meu destino e perdi muita coisa na minha vida. Estou prestes a completar 60 anos e deveria estar aposentado”, lamenta ele, que se diz grato à Emlur por todas as oportunidades, sobretudo, com a retomada das reuniões do AA.

O servidor sofre com ansiedade, o que desperta gatilhos. Seu último episódio de alcoolismo foi em dezembro do ano passado, quando bebeu por alguns dias e ficou sem se alimentar. “Eu procurei o Centro de Atenção Psicossocial e fiquei internado por 15 dias. Hoje, estou bem. Minha saúde está boa. Frequento eventos sociais, mas, não me aproximo de mesas onde as pessoas estão bebendo. Cada dia é um dia”, frisa.

Reuniões – Shênia Ramalho afirma que, antes da retomada do grupo de alcoólicos anônimos, o Setor Psicossocial da Emlur realizou reuniões com os servidores para apresentar a temática e fazer um trabalho de conscientização, mostrando que há um local de apoio na Autarquia.

As reuniões do grupo Limpando a Mente ocorrem às sextas-feiras, às 15h, na sala do setor Psicossocial da Emlur.

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