Representatividade e arte

Alunos da Rede Municipal de João Pessoa têm manhã de imersão nas culturas indígena e afro

19/10/2022 | 12:18 | 899

As culturas indígena e africana foram celebradas e reverenciadas por alunos da Rede Municipal de Ensino de João Pessoa, na manhã desta quarta-feira (19). Em evento no auditório do Centro Cultural Ariano Suassuna, em Jaguaribe, estudantes de 28 escolas puderam assistir e apresentar números de dança, teatro e poesia. O ato é o ápice de um processo educacional iniciado nas escolas por meio de uma parceria entre a Prefeitura da Capital e o Instituto Alpargatas.

“Esse evento traz a culminância de tudo o que aconteceu nas escolas. A Alpargatas entrou com aporte financeiro e material e nós trazemos as unidades, alunos e professores, criando uma ação que leva à imersão nessa cultura. As crianças gostam e ficam ainda mais interessados em estar na escola”, explicou a secretária municipal da Educação e Cultura da Capital, América Castro.

A coordenadora de projetos do Instituto Alpargatas, Vera Apolinário, afirmou que o trabalho foi feito a várias mãos. “Houve uma preparação de todo o corpo docente das escolas para que as práticas pedagógicas pudessem chegar a cada sala de aula e o resultado foi uma explosão de criatividade, inovação e de transformação”, afirmou.

Entre as várias apresentações marcantes esteve a do poema “Me gritaram negra”, de Victoria Santa Cruz, levado ao palco por alunos da Escola Índio Piragibe, de Mangabeira VII. “É um texto onde uma mulher sofre preconceito por ser negra. Tantas palavras, olhares, coisas que vejo na rua para mim mesma. Mas ela incorpora isso como parte dela, decide que vai vencer, dar grandes passos no futuro e é isso que quero para o meu futuro também”, afirmou a estudante Tereza Maria de Araújo, do 9°ano.
Tereza, que tem 15 anos, conta que o projeto ganhou grande dimensão na escola, envolvendo os alunos e mudando vidas. “Me identifico como negra, tenho um pai preto, e para mim foi maravilhoso ver ali a minha história. É muito importante mostrar isso para os pequenos e vi que fez a diferença”, avaliou.

A diretora pedagógica da Escola Quilombola Antônia do Socorro, de Paratibe, Erinalva Lopes, falou sobre o potencial de iniciativas como esta para desenvolver os estudantes. “Ela desperta a escola para questões sobre o racismo e o povo indígena. Alunos e professores se envolvem, as atividades se tornam mais criativas, mais estimulantes, e eles se identificam, o que é importante. Afinal, temos na nossa escola meninos de religião de matriz africana, e descendentes de indígenas, já que estamos dentro de um quilombo, mas há nas proximidades uma aldeia Tabajara”, explicou.

A parceria entre a Prefeitura da Capital e o Instituto Alpargatas beneficia cerca de 21 mil alunos e, além da cultura, também teve foco no esporte. Neste caso foi trabalhada a prática esportiva qualificada, com o intuito de agir no processo disciplinar.

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